sábado, 30 de novembro de 2013

Uma Breve História do Carnaval de Juazeiro

Rosy Costa - historiadora e pesquisadora 

Em Juazeiro, (BA) o carnaval foi oficializado em 1914, com a fundação do clube carnavalesco os Embaixadores de Veneza, com muito luxo, pedraria, carros alegóricos, despertando assim o espírito carnavaslesco no Juazeiro festivos. Caracterizou-se nos três dias de folia, com entrudos (brincadeira de água) e talcos ou outros tipos de pós.
Durante o dia os clubes centrais, como Sociedade Apolo Juazeirense, 28 de Setembro, Artífices Juazeirense e outros, recebiam os animados foliões, fantasiados com confetes, serpentinas e lança perfume Rodouro (metálica), para as dançantes matinées, ao som do jazz ou orquestras vinda de jacobina e da própria região.

Quem não queria brincar em clube ficava pelas ruas pulando ao som das músicas transmitidas pelas caixas de som instaladas nos postes (rua da 28 de Setembro e rua d’Apolo) ou sambando ao batuque de alguns foliões mais animados. Uns mascarados de monstros (latex) correndo atrás dos meninos, homens vestidos de mulher, com soutien,saia curta de babados, sapato alto e sombrinhas, outros nos mais extravagantes trajes.

O povo enchia as bisnagas de perfume, xixi ou mesmo água e jogava nos mascarados que passavam em grupos. Dentre esses mascarados destacavam-se o grupo de mulheres casadas, que logo após os afazeres domésticos, colocavam uma mortalha de preferência estampada, com sapatos sete vidas (congas), fala fina e andar diferente, para não serem reconhecidas.
E lá saía o grupo entrando nas casas conhecidas, cantando, bebendo e comendo, até as dezoito horas quando regressavam ao lar. Contavam algumas que entravam nos bares e sentavam no colo dos próprios maridos e eles, cheios de vida, pensavam que eram as outras.

À tarde também acontecia o desfile de carros, de preferência sem capota, tipo Fubica, Jeep e caminhonetes, que subiam a Carmela Dutra e desciam pela rua d’Apolo, formando assim o famoso Corso, (desfile de carros repletos de foliões) com lança perfumes, fantasias, confetes e serpentinas, combinando com a alegria do povo que assistia nas calçadas e aplaudia o carro mais animado e enfeitado. Isto ia até às 18h30, quando se iniciava o defile dos blocos ou cordões das ‘’Mulheres da Boa Esperança’’ - Verdadeiro Show de luxo e beleza. Após esse horário cada um ia para sua casa descansar, pois no outro dia começava tudo de novo.

A partir de 1955, à noite, as batucadas faziam a festa disputando o título da melhor do ano, mas nada igual à batida cadenciada de Cacumbú.
A porta bandeiras criava malabarismos e os componentes orgulhosamente ostentavam o nome da escola, contando com a participação do povo que cantava e dançava até às 23hrs, quando se ouvia o hino da 28 de setembro e da Sociedade Apolo Juazeirense, avisando que o carnaval nesses clubes estava começando para terminar com o nascer do sol.

A Quarta feira de Cinzas tinha o sabor do bem e da saudade: ‘’São três dias de folia e brincadeira, você e brincadeira, você pra lá e eu pra cá até quarta-feira...’’.

Hoje o carnaval de Juazeiro se adéqua aos novos tempos. Trios Elétricos, blocos disputando o qual o mais bonito abadá e camarotes completam a festa de momo. Mas a tradição dos antigos carnavais de fantasias e máscaras ainda caminha pelas ruas de Juazeiro.

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